Capítulo 4

“Estranho andar na rua e vê o que não quero ver.”
NICOLE SHIN - 07/04/1999 17:30H

‘ Já se passaram alguns dias e eu continuo a pensar naquele homem que me olhou no supermercado. Estranho... Ele me olhou tão intenso! Eu vi um paraíso que jamais ouvi falar... ’
/Nicole escrevia em um belo caderno preto, deitada em sua cama./
‘Cada dia que se passa fica mais difícil de lembrar o seu rosto. É como se o destino quisesse que eu me esquecesse daquela perfeição. Ás vezes eu choro por não me lembrar dele. Não entendo por quê. ’
...

Na sala, meu padrasto Park gritava com minha mãe devido a fumaça que saía da panela de comida sobre o fogão. Eu já estava cansada desse barulho em meus ouvidos. Por que eles têm que ser assim? Felicidade vem quando a queremos... Se formos brigar por causa de simples coisas, a nossa vida não anda... Não anda... Não anda.
Eu continuava a escrever em meu caderno, mas qualquer palavra escrita por mim não era metade do que eu sentia. Tudo estava diferente, até o dia nascia diferente... Tudo estava nublado depois daquela forte chuva do começo da semana, com o lindo sol amarelo manga raiando através das cinzas e densas nuvens, um dia apocalíptico... Pelo menos era o que parecia.
Minha mãe estava gripada, com dores no corpo e meu padrasto nem se importava. Ele saia de manhã e voltava à noite, bêbado e gritando, era o pior momento do dia. Eu ás vezes chorava... Como eu queria o meu pai de volta, ele sim entendia o que eu precisava e apesar da triste relação com minha mãe, ele a amava... Eu escutava todo dia de madrugada, quando meu pai fechava a porta do quarto, eles se amando... Era até assustador ouvir aqueles barulhos rastejando pela escuridão da noite e entrando por debaixo da minha porta, porém eu ficava feliz em saber que ao invés de estarem brigando, eles estavam felizes.